top of page

Mudanças
na Moda:

Como as
redes sociais transformaram a comunicação

por Nicolas S. Santos

A moda sempre foi uma forma de expressão pessoal e cultural. Até meados dos anos 2000, as tendências de moda eram ditadas por revistas de moda, programas de televisão e passarelas glamorosas. No entanto, nos últimos anos, testemunhamos uma transformação radical na forma como a moda é comunicada e consumida, e essa mudança tem um nome: redes sociais.

 

As redes sociais revolucionaram a maneira como a moda é apresentada ao público. Hoje em dia, qualquer pessoa com um smartphone pode se tornar uma fonte de inspiração e influência no mundo da moda. As plataformas como Instagram, TikTok e Pinterest se tornaram vitrines virtuais onde as pessoas compartilham suas roupas, looks do dia, dicas de estilo e até mesmo tutoriais de maquiagem. O que antes era exclusivo de editoriais de moda agora está ao alcance de todos.

 

Uma das razões pelas quais as redes sociais tiveram tanto impacto na moda é a rapidez com que as informações são disseminadas. Antigamente, era preciso esperar meses para ver as tendências da passarela chegarem às lojas. Agora, graças a uma somatória de fatores como as redes sociais, a popularização dos smartphones, as fotografias digitais e os menores custos e impasses da veiculação midiática, as pessoas podem ver instantaneamente o que está na moda, comprar roupas online e até mesmo criar suas próprias tendências. Isso acelerou o ciclo da moda e tornou o setor muito mais dinâmico.

 

Testemunho disto é o impacto que Instagram e TikTok tiveram e ainda têm desde seu surgimento, como catalisadores de um movimento de culto à imagem na era digital. A facilidade de gravar e editar vídeos com as mais novas tendências, bem como postar e ser vista por milhões de pessoas, tornou a necessidade da novidade cada dia mais acelerada. Microtrends, modismos e itens de consumo se tornam cada vez mais voláteis com a rapidez com os quais são consumidos, e isso não passa despercebidos para as grandes fast-fashions, que hoje já empregam inteligência artificial para o processamento e melhor compreensão de algoritmos da Geração Z na hora de desenvolver novos lançamentos.

 

Como revela Cristina Sant’Anna, da Faculdade Santa Marcelina em entrevista a CNN Brasil: “A fast fashion é alimentada pelas mídias sociais, focando os consumidores da Geração Z. Até a Shein aplica Inteligência Artificial em canais de mídia social para determinar os produtos que vai produzir e fabrica praticamente ‘sob demanda’, o que permite que eles lancem peças com base em seu desempenho”.

 

Mas para além disso, as redes sociais abriram espaço para uma maior diversidade na moda. Antes, as revistas de moda costumavam promover um padrão de beleza muito restrito, mas agora vemos uma variedade de corpos, estilos e culturas sendo celebrados. Isso tem sido uma mudança paradigmática importante na indústria da moda, tornando-a mais inclusiva e representativa.

 

As marcas também tiveram que se adaptar a essa nova realidade. Agora, não basta apenas criar peças de roupa bonitas; as marcas também precisam construir uma presença online forte e autêntica. Elas precisam se conectar com seu público nas redes sociais, ouvir seus clientes e responder rapidamente às demandas do mercado. A comunicação se tornou uma parte fundamental do sucesso das marcas de moda.

Os influenciadores digitais também desempenham papel crucial na disseminação das tendências. Essas personalidades têm um grande número de seguidores que confiam nas suas opiniões sobre moda. Muitas vezes, eles são os primeiros a adotar uma nova tendência ou a usar uma marca específica, e isso pode causar um impacto significativo nas vendas e na popularidade de uma marca. Claro, entendendo, também, que o público é um receptor ativo das informações e tem opiniões formadas e embativas em diversos assuntos, o que pode fortalecer uma comunicação bem posicionada ou criar um cluster de pessoas descontentes com superficialidade de discursos.

 

Karen Bachini, no segmento beleza, Nátaly Neri e Maju Trindade, no segmento vestuário e tendências, Gabriela Pugliesi, no segmente estilo de vida e saúde, entre muitas outras, são alguns dos exemplos de como o impacto pelas redes se dá de maneira mais forte com o público, que se vê mais próximo à figura de mídia. No entanto, é de se levantar questões muito importantes sobre qualidade de conteúdo de influenciadoras, de uma forma geral, para entendermos qual a profundidade deles, qual sua qualidade e pertinência.

 

TikTok, por exemplo, apresenta diversos vídeos em alta sobre “look do dia”, “novo estilo”, “peças para próxima estação”, numa constante alimentação de um mercado de efemeridade e venda; Instagram, por outro lado, nos bombardeia com conteúdos de beleza focados em processos estéticos, se aproveitando de uma disforia imagética crescente na nova geração. Questões como essas são imprescindíveis para entendermos que as redes são ferramentas, mas assim como tem sua perspectiva democrática de acesso a informação, também necessitam de mediação.

 

Outro desafio que a aceleração da comunicação digital na indústria da moda apresenta é a pressão constante por conteúdo novo, que pode levar a práticas insustentáveis, como a produção em massa e o descarte rápido de roupas. Além disso, a busca pela “perfeição” nas redes sociais pode criar uma imagem distorcida da realidade, afetando a autoestima das pessoas.

 

Em resumo, as redes sociais transformaram a comunicação na indústria da moda de maneira profunda e rápida. Elas democratizaram o acesso à moda, tornando-a mais inclusiva e diversa. No entanto, também trouxeram desafios relacionados à sustentabilidade e à pressão pela perfeição. A moda continuará a mutar sua imagem e apresentar novos formatos e conteúdos à medida que as redes sociais continuarem a se desenvolver, e a única certeza é que a comunicação desempenha e continuará a desempenhar um papel central nessa trajetória de mudança.

bottom of page