
Entrevista com o stylist Marcio Banfi
Entrevista por Maria Paula Fagundes; Produção feita em parceria com Valdemar Neto, Jornalista e Redator Publicitário.
Em 2024, o desle de graduação do curso de Moda da UDESC, conhecido como OCTA, volta a acontecer após um período de pausa forçada pela pandemia. O evento, que tradicionalmente marca o encerramento da trajetória acadêmica dos estudantes, retorna em um cenário onde a moda e os desles foram profundamente impactados pelas mudanças globais dos últimos anos. Para entender mais sobre essas transformações e o que esperar do retorno do OCTA, conversamos com Marcio Banfi, renomado stylist, professor de Styling e Fotografia de Moda, e um dos grandes nomes da moda brasileira.




Como você acredita que a pausa dos desfiles devido à pandemia impactou a forma como percebemos a moda e a experiência do desfile em si?
A pandemia trouxe um momento de reflexão para todos. Tivemos que reavaliar nossa relação com a moda, com o consumo e, principalmente, com a experiência de assistir a um desfile. Sem os eventos presenciais, nos voltamos para o digital, mas o formato virtual não conseguiu capturar totalmente a essência do desfile físico. Moda é algo visual, tátil, e a ausência do contato físico impactou a maneira como vivemos a moda.
Que mudanças você observa na indústria da moda desde o retorno dos eventos presenciais? Alguma tendência que você acha que chegou para ficar?
Os eventos presenciais estão retornando com uma força diferente. Existe uma necessidade de conexão que o digital não consegue suprir totalmente. O físico oferece uma experiência de imersão que o virtual ainda não consegue alcançar. Entre as tendências, vejo a sustentabilidade como algo que veio para car. A pandemia acelerou essa consciência tanto entre os consumidores quanto entre as marcas.
Como a pandemia influenciou a consciência sobre a moda sustentável e qual é o papel do Fashion Revolution nesse contexto?
O Fashion Revolution trouxe à tona discussões que sempre existiram, mas que se intensificaram durante a pandemia, como a questão da moda sustentável. Hoje, mais do que nunca, precisamos ser responsáveis em cada etapa da produção, e o movimento tem sido crucial em educar tanto profissionais da moda quanto o público sobre esses temas.
Como você imagina que a audiência mudou após o retorno aos desfiles? Existe um novo público ou novas expectativas por parte dos espectadores?
Sim, definitivamente. As pessoas estão mais conscientes, querem saber o que estão consumindo e o que a marca representa. O público espera mais do que apenas roupas bonitas; eles querem ver valores, narrativas que se conectem com temas como sustentabilidade e inclusão. Isso exige dos estilistas uma abordagem mais autêntica e transparente.
Com o retorno do desfile presencial do OCTA em 2024, como você enxerga a importância desse formato tradicional em um mundo que está cada vez mais digital? O que um desfile físico oferece que o digital ainda não consegue capturar?
O desfile físico ainda tem um lugar insubstituível na moda. Ele oferece uma experiência imersiva que o digital não consegue replicar. A energia, o contato com o tecido, o movimento das roupas, são elementos que precisam ser vividos ao vivo. O OCTA 2024 é uma oportunidade para os alunos voltarem a esse espaço de expressão criativa que o mundo digital ainda não consegue oferecer completamente.
Entre linhas e looks
Agora, mudando um pouco o foco da conversa, exploramos o papel de Banfi como stylist. Como a narrativa visual é construída em desfiles e editoriais e quais mudanças ele observou nesse campo ao longo dos anos?
Como stylist, quais são os elementos-chave que você considera ao criar uma narrativa visual para um desfile? Há uma diferença entre styling para desfiles e editoriais?
Sim, há uma diferença fundamental. No desfile, a roupa precisa falar por si só em um curto período de tempo. O styling para passarela precisa ser mais direto, enquanto nos editoriais temos mais controle do ambiente e podemos contar uma história mais detalhada. No desfile, a roupa é a protagonista e precisa se comunicar rapidamente com o público.
Quais mudanças você observou no styling de desfiles ao longo dos anos, especialmente após a pandemia? Como o contexto global influenciou as escolhas de cores, formas e composições nos looks de passarela?
Após a pandemia, vi uma tendência maior ao minimalismo e ao uso de cores mais suaves, quase como um reflexo do que todos passamos. As formas também mudaram, com um foco maior em conforto e funcionalidade. O contexto global definitivamente tem moldado as escolhas de estilistas e designers.
Com a evolução dos desfiles, você acha que o papel do stylist se tornou mais colaborativo ou criativo? Como essa dinâmica se reflete no processo de concepção de uma coleção para a passarela? E como isso se deu na era dos desfiles virtuais?
Acho que o papel do stylist sempre foi colaborativo, mas após a pandemia, essa colaboração se intensificou. Tivemos que repensar os processos de criação e trabalhar em equipe de uma forma ainda mais integrada, principalmente nos desfiles virtuais. Isso exige uma grande adaptação e flexibilidade por parte do stylist.
Conclusão
Minha principal dica para os estudantes de moda é: sejam autênticos. Após um período tão desafiador, o mundo está ávido por novas ideias e perspectivas. Não tentem copiar o que já foi feito. Encarem o desfile como uma oportunidade de mostrar sua visão única.