COLEÇÃO E SE FÔSSEMOS NÓS OS MODERNOS?
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Modelo: Darlan Costa da Silveira.
e se fôssemos nós os modernos?
por Rodrigo Pinheiro
O fotógrafo suíço René Burri estabeleceu uma profunda conexão com Brasília, captando sua essência em imagens que extrapolam a mera documentação arquitetônica. Ao longo de 15 visitas entre 1958 e 1997, Burri testemunhou o nascimento e a evolução da capital, eternizando em suas lentes a grandiosidade e o cotidiano de "uma utopia que acabava de se tornar realidade".
Ao explorar esses fragmentos da história, a coleção “E se fossemos nós os modernos?” propõe noções próprias acerca da efervescência cultural e arquitetônica da cidade nos anos 50, uma era marcada pelo fervor do modernismo e pela euforia do progresso. Em um exercício de contextualizar o guarda-roupa masculino da época à contemporaneidade, as roupas reconstroem-se de sentido e de identidade, como ecos síncronos, de ideais que ainda ressoam prestes a serem quebrados.
Partindo da simplicidade, a coleção propõe uma noção de expansão, amplificação de um conceito. Existe uma presença através da ausência. O traje masculino é reinterpretado, ombros e cinturas delineados pela alfaiataria tradicional são moldados por elementos utilitários. Preceitos modernistas combinam-se com suas aparentes contradições: conforto, exagero e intimidade. Linhas retas, volumes geométricos, o dinamismo é moderno, preciso. Construção, reconsiderada, reconstruída. Propósito e função reavaliados.
Colocando questões, envolvendo respostas, a coleção é o início de uma conversa com o mundo, uma troca de ideias. Quebra de paradigmas. Este instinto, este desejo de comunicar e questionar, é um impulso humano fundamental. Tocar-nos uns aos outros, expressar sentimentos, através das roupas que vestimos. Talvez isso faça de nós, modernos.